Minha missão neste filme é encontrar atores no Xingu. Nunca achei que seria difícil, mas, nunca cheguei a imaginar que eles seriam tão incrivelmente disponíveis, sensíveis e entrariam na brincadeira, no jogo com tanta verdade. Viajei pelo Xingu durante três meses, testando possíveis atores para o nosso filme em 20 aldeias e sete etnias diferentes que falam línguas distintas.
Comecei em Canarana, passei por Tanguro, Ayha, Posto Leonardo, Waura, Yawalapiti, Tuiararé, Diauarum, Itai, Sobradinho, Três Patos, Ilha Grande, Guarujá, Moitará, Capivara, Iguaçu, Maracá, Mupada. Testei aproximadamente umas quatrocentas e cinqüenta pessoas para encontrar quem viveria os personagens do nosso filme.
Morei nas casas dos índios, comi coisas que nunca imaginei comer um dia, de mingau de Pequi a lingüiça de Anta.
Principalmente encontrei o que eu procurava, os atores, através de um teste, um jogo que eles entenderam muito bem e jogaram melhor ainda.
O jogo consiste em fazer com que cada candidato conte uma história que aconteceu com ele para uma mochila com um chapéu em cima.
O placar neste jogo aumenta a partir de três curtas e simples regras: 1- acreditar que a bolsa com o chapéu é um amigo ou amiga, 2- ignorar a presença de todos que estiverem ali presentes e se relacionar apenas com o amigo (mochila com chapéu), 3- usar as mãos e aproveitar os gestos que são genuínos e só deles.
Jogo estabelecido e placares abertos, conseguimos ter a grande alegria de encontrar não só atores incríveis, inteligentes e verdadeiros, como principalmente fazer grandes e bons amigos.
Agora estamos no momento em que trazemos do Xingu para o Tocantins nossos atores. Eles ensaiam e em breve filmam.
Tudo vai bem. Estamos todos, brancos e índios, felizes.
Chico Accioly, Produtor de Elenco Indigena de Xingu.
Os atores e o Xingu from Xingu O Filme on Vimeo.