terça-feira, 29 de junho de 2010

O começo

Estou trabalhando no projeto ‘Xingu’ há aproximadamente quatro anos.
Estava me preparando para participar do Festival de Cinema de Berlim, com o filme "O Ano em que meus pais saíram de férias", quando a O2 Filmes me apresentou o livro “A Marcha para o Oeste”, de Orlando e Claudio Villas Bôas. Noel Villas Bôas, filho do Orlando, foi quem os procurou dizendo que a história dos Villas Bôas estava esquecida, que as novas gerações precisavam conhecer essa história e esses caras, etc.
Minha primeira reação foi de susto.
Conhecia um pouco a história dos caras, sabia que era algo muito grandioso e ao mesmo tempo me bateu o receio: falar de heróis nacionais superficialmente, sem poder aprofundar os conflitos e as contradições humanas.
Então propus que fizéssemos uma pesquisa para entender os diferentes pontos de vista dessa história incrível, entender as ambiguidades, os dramas e todo o potencial dramático envolvido na história.
E assim começou esse projeto.
Chamamos Maíra Buhler, antropóloga e diretora de documentários, para realizar uma pesquisa inicial.
Foi o bastante para nos apaixonarmos pela incrível história dos irmãos Villas Bôas e de todos que dela participaram.
Achamos uma história repleta de aventura, drama, suspense.
Personagens complexos e instigantes e um universo de questões filosóficas, políticas e humanas.
Tudo que um bom filme precisa.

A pesquisa
Para aprofundar a pesquisa iniciada com Maíra Buhler, fomos a campo conversar com as pessoas que conviveram com os irmãos e/ou fizeram parte da saga.
Índios, brancos, amigos, não tão amigos, estudiosos, críticos, familiares.
Percorremos arquivos, lemos livros, vimos filmes e fotografias.
Fomos ao Parque do Xingu duas vezes.
Colhemos material que daria para contar muitas histórias, talvez mais de um filme.
Foi um trabalho primoroso de pesquisa.
Uma viagem no tempo e no espaço.
Por entre picadas, rios, cerrados e matas.
Conversas em bares, universidades, casas, ocas, aldeias.
Muitas línguas e culturas diferentes.
Povos que habitavam o que hoje chamamos de Brasil, muito antes de Cabral.
Nos deparamos com quem desbravou o "Brasil desconhecido" e com quem foi "invadido".
Um assunto polêmico, explosivo e extremamente contemporâneo.
Ainda hoje o embate entre o "progresso" da civilização dita civilizada e o equilíbrio sócio-ambiental das civilizações ditas primitivas está em questão no Brasil e no mundo.

Próximos passos
Bem, agora estamos em pré-produção.
Truffaut dizia que fazer um filme é fazer três filmes. O primeiro é o roteiro (nos próximos posts contarei mais sobre essa etapa). O segundo é filmar o roteiro. O terceiro é editar o material filmado. E, em cada uma dessas etapas, parece que tudo começa do zero novamente.
Estamos acabando o primeiro filme e começando o segundo filme.
Abrindo novas picadas, percorrendo novos territórios.

De algum lugar entre Brasília e Palmas-TO, 30 de junho de 2010.

Cao







Reunião de análise técnica com equipe









Equipe de direção com Caio Blat










Cao Hamburger e Caio Blat

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Direção de arte

Diferente dos filmes convencionais, “Xingu”, além de precisar ser filmado em muitos lugares em que a natureza esteja intocada, muitas locações têm de ser construídas. Quer dizer, temos que escolher um recanto, ou uma beira de rio, ou uma mata, para aí produzirmos a casa ou casas que compõe(m) um determinado set. Temos que fazer assim, pois os locais onde a história dos irmãos Villas Bôas se passa, ou não existem mais, ou foram profundamente modificados.
Desde o princípio do projeto ficou claro que não seria possível filmar tudo dentro do Parque do Xingu. Por essa razão, partimos para procurar nosso Xingu cenográfico nos estados de Mato Grosso e Tocantins. Nossa intenção é rodar o essencial no Parque e completar as filmagens em locais parecidos.
Nesta fase de pesquisa de locações, o maior problema que temos encontrado é descobrir locais onde não haja desmatamento causado pelos tratores da agropecuária, e/ou onde as cidades não tenham sujado os rios.
No fundo, ao que parece, o Brasil é um “Xinguzão”, sendo atacado por todos os lados pelo nosso progresso.
Cassio Amarante – Diretor de Arte

Direção de Arte from Xingu O Filme on Vimeo.








Mapa de arte do Posto Leonardo












Maquete do Posto Diauarum













Croquis de arte













Maquete cenográfica do Posto Leonardo















Construção do cenário do Posto Leonardo em São Félix do Tocantins












Posto Leonardo agora quase pronto